Segue a proposta de mestrado em educação para o ano de 2017
1. TÍTULO
Estudo de Caso
das Relações entre Brincadeiras e Gênero na Educação Infantil em São Mateus -
ES
2. LINHA DE PESQUISA
2. Ensino,
Sociedade e Cultura: Ciências Humanas e Sociais
3. ÁREA DE ENSINO NA EDUCAÇÃO BÁSICA
Ensino, Gênero e
Educação
4. INDICAÇÃO DO PROFESSOR ORIENTADOR VINCULADO AO PPGEEB–CEUNES/UFES
Eliane Gonçalves
da Costa
5. INTRODUÇÃO
Observa-se no
decorrer dos anos que a nossa cultura ainda demarca quais brincadeiras que são
apropriadas para meninos e para meninas, justificando a diferença entre os
sexos na relação da criança ao brincar e à construção de suas identidades.
bell hooks,
autora pseudônima de Gloria Watkins é uma defensora do empoderamento da mulher.
Ela assina em letras minúsculas, pois se sentiu minoria nas instituições onde
frequentava. Passou sua infância em uma escola segregada racial apenas para
negros e a partir da adolescência e na faculdade foi para instituições de
ensino integradas. A maioria dos alunos e professores eram brancos, por isso
viu de muito perto como é sentir o preconceito da sociedade. Em seu livro “Ensinando
a Transgredir” (1994, p.161) conta uma parte da experiência pessoal que viveu
na infância, em seu ambiente familiar:
“[...] compreendi com pouca idade o significado da
desigualdade dos gêneros. Nossa vida cotidiana era repleta de dramas
patriarcais – o uso de coerção, punição violenta e assédio verbal para manter a
dominação masculina. [...] qualquer decisão tomada por nossa mãe poderia ser
revertida pela autoridade do nosso pai.”
Socialmente,
culturalmente, politicamente e psicologicamente a construção de gênero ainda se
faz presente em nossa vida, gerando polêmicas, discussões e debates em toda a
sociedade sobre o que é apropriado para o masculino e o feminino. Até hoje
percebemos que a sociedade ainda nos impõe regras, normas e comportamentos
distintos entre homens e mulheres. As crianças crescem com uma ideia de um rótulo
patriarcal, seja na maneira de sentar, se vestir, falar, agir e brincar.
As crianças aos
poucos vão ajuntando os símbolos de masculinidade ou feminilidade contidos nas
brincadeiras e também em outras atividades do dia-a-dia. Dessa forma, as
brincadeiras são empregadas na infância como intermediárias do processo de
assimilação e constituição da inferiorização da mulher no mercado de trabalho
que se perpetua desde o período colonial.
“Enquanto a educação masculina preparava o homem para
assumir atividades ou empregos públicos, a educação feminina preparava a mulher
para o casamento. O nível instrucional feminino era pobre e as ordens
religiosas que sustentaram o ensino no Brasil, desde o período colonial, nada
mais ofereciam do que uma educação ornamental, ou seja voltada apenas para o
aprendizado das letras e das quatro operações.” (NADER, 2014. p. 111)
Essa polêmica
vem configurando uma série de dúvidas e gerando discussões na sociedade,
sobretudo quando envolve a distinção entre brincadeiras de meninas e de
meninos. As brincadeiras, então, imitam a vida adulta e refletem ações dos pais
no brincar.
Segundo Chaney
(1983) apud Nader (2011), por muito
tempo a mulher foi vista como incapaz de se manter na vida social e em
desempenhar algum papel relevante na sociedade, pois era vista como mais fraca
que o homem fisicamente e intelectualmente. A literatura infantil é rica em
exemplos que reforçam essa visão da fraqueza da mulher frente ao homem. Contos
de fadas terminam com a mocinha “Feliz para sempre” ao lado de um “Príncipe
amado”.
“Em toda a América Latina, os movimentos filosóficos
posteriores que não simpatizavam com as mulheres reforçavam essa imagem, e a
literatura contribui muito no mito da incapacidade da mulher em desempenhar um
papel na vida social e política (CHANEY, 1983). A literatura tradicional
definia o papel da mulher como não político e os clássicos lidos por várias
gerações, criaram imagens das mulheres desempenhando papéis domésticos,
artísticos ou literários, até mesmo desempenhando alguma outra carreira
profissional, mas nunca política, além de demonstrarem que, apesar de as
mulheres terem o controle de seus destinos, as mesmas só encontravam plenitude
nos braços do homem amado.” (NADER, 2014. p. 114)
A função social
da escola é socializar a criança e preparar o jovem para o mercado de trabalho.
As brincadeiras na educação infantil imitam o comportamento humano dos adultos
e, em diversas vezes reproduzem a forma de trabalho dos mais velhos em
brincadeiras como dirigir um carro, consertar uma cadeira, imitar a mãe
cozinhando ou cuidando de bonecas como se fossem bebês reais. As brincadeiras
fazem parte do universo das crianças, ajudando-as a se autoconhecerem, na sua
relação com o outro e com o meio que ela vive. No momento em que nós determinamos
as brincadeiras e a forma de como a criança deva brincar, estamos representando
ao universo daquela criança uma definição entre masculino e feminino,
atribuindo-lhes valores sociais dominantes e estereotipando como deverão se
portar na sociedade.
Este trabalho se
justifica pelo fato de que brincar é um movimento essencial para a criança. A
brincadeira faz parte do seu universo e é através desta que ela descobre e
compreende o mundo que a cerca, além de internalizar as regras sociais que lhe
são impostas e como serão induzidas a entrar futuramente no mercado de trabalho.
Por isso, é importante compreender como as identidades de gênero são
construídas na infância e como elas são influenciadas através das brincadeiras.
Como forma de
iniciar a pesquisa, foi feito um pré-teste em 2016, onde, juntamente com a
pesquisadora Peixoto, visitamos e aplicamos um questionário para 12 crianças na
fase pré-escolar. Analisando preliminarmente o grupo de crianças, a impressão
foi que apesar da sociedade patriarcal não existir de fato no nosso meio, a
cultura patriarcal ainda está presente na definição das brincadeiras infantis,
porém a sociedade está em fase de mudanças.
A pré-pesquisa,
foi apresentada no Seminário Internacional de Estudos em Gênero (2016) e bem
aceita, por este motivo resolvi aprofundar a pesquisa iniciada e aumentar a
quantidade da amostra apresentada para tentar compreender outras influências
que não consegui identificar pela pequena quantidade de questionários
analisados.
O município
envolvido no contexto da pesquisa é o município de São Mateus, com 473 anos e
situado no litoral norte do Espírito Santo, tem aproximadamente 120 mil
habitantes. Delimitamos como público alvo desta pesquisa os Centros de Educação
Infantil Municipais (CEIM) localizados no perímetro urbano do município na
região central e bairros periféricos. Os sujeitos envolvidos na pesquisa são
crianças em fase pré-escolar com idades entre 05 e 06 anos estudantes das
escolas públicas municipais.
Compreendo a
influência das brincadeiras infantis na construção de identidades de gênero.
Dessa forma, analiso como muito importante a liberdade na brincadeira para as
crianças na Educação Infantil para que a mulher possa se empoderar na sociedade
de São Mateus.
6. OBJETIVOS
6.1. GERAL:
Temos por
objetivo geral desta pesquisa:
·
Estabelecer como se dão as relações entre
trabalho e brinquedo na infância na sociedade mateense.
6.2. ESPECÍFICOS:
·
Realizar um estudo de caso na educação infantil
municipal no município de São Mateus e aplicar questionários que informem se as
crianças têm uma visão estereotipada sobre o seu papel na sociedade;
·
Estabelecer quais aspectos históricos foram
importantes para esta visão;
·
Discutir os resultados encontrados.
7. METODOLOGIA
Inicialmente será
realizado uma pesquisa bibliográfica a respeito da influência do sistema
patriarcal na sociedade atual. Em seguida realizada uma pesquisa de campo que
investigue de que modo as representações de gênero se manifestam culturalmente
frente às brincadeiras de meninos e meninas. Na pesquisa de campo serão
aplicados questionários de modo a realizar a pesquisa qualitativa e
quantitativa a respeito do tema.
A pré-pesquisa
de campo e aplicação de questionários foi feitos na em um Centro de Educação
Infantil Municipal – CEIM, situado no município de São Mateus – ES – Brasil. A
escola na qual realizei a pré-pesquisa se situa em uma região periférica da
cidade. A escola atendia a aproximadamente 100 crianças em tempo integral
(matutino e vespertino).
A pesquisa
contemplará os itens:
·
Sexo;
·
Idade;
·
Se gosta de brincar na escola;
·
Seu brinquedo favorito;
·
A escolha de um brinquedo para um colega do sexo
oposto;
·
Profissão;
·
Se pretende ter filhos.
8. REFERÊNCIAS
hooks, bell. Ensinando a Transgredir: A educação como
prática de liberdade. Tradução de Marcelo Brandão Cipolla- São Paulo. 2013.
Editora Martins Fontes, 2013. Pág 151-222.
MACHADO,
Elcielle Bonomo Rocha & PEIXOTO, Isabella Cotta Lanza. Estudo de Caso das
Relações de Gênero na Educação Infantil em São Mateus – ES In: Nader, Maria
Beatriz et all. (orgs). Seminário
Internacional de Educação e Sexualidade e 2º Encontro Internacional de Estudos
de Gênero. Sessão 21, Grupo de
Trabalho ST8 - História, Trabalho, Família(s). IC-4, Sala 22. UFES - Vitória
ES, 2016.
NADER, Maria Beatriz. Paradoxos do progresso : a dialética da relação mulher, casamento e
trabalho. Vitória : Edufes, 2013.
______. Poder e Gênero: O silêncio da violência. In
NADER, Maria Beatriz (org). Gênero e
Racismo: Múltiplos olhares. Universidade Federal do Espírito Santo, Núcleo
de Educação Aberta e a Distância – Vitória: EDUFES, 2014. p. 96 a 118.
VASCONCELOS,
Maria Celi Chaves & LEAL, Maria José Senra de Carvalho. Dos Traços de
Pecadora aos Modos Recatados: A educação do corpo feminino. In NADER, Maria
Beatriz (org). Gênero e Racismo:
Múltiplos olhares. Universidade Federal do Espírito Santo, Núcleo de
Educação Aberta e a Distância – Vitória: EDUFES, 2014. p. 14 a 41.
9. CRONOGRAMA
ATIVIDADES
Lista de atividades |
1- Pesquisa bibliográfica |
2- Pesquisa de campo |
3- Análise dos dados |
4- Considerações finais |
CRONOGRAMA
2018
Atividade |
abr |
mai |
jun |
jul |
ago |
set |
out |
nov |
dez |
1 |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
2 |
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X |
X |
X |
X |
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3 |
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4 |
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2019
Atividade |
jan |
fev |
mar |
abr |
Mai |
Jun |
jul |
ago |
set |
out |
nov |
dez |
1 |
X |
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2 |
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X |
X |
X |
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3 |
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X |
X |
X |
X |
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4 |
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X |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
ELCIELLE BONOMO ROCHA MACHADO
ESTUDO DE CASO DAS RELAÇÕES ENTRE
BRINCADEIRAS E GÊNERO NA EDUCAÇÃO INFANTIL EM SÃO MATEUS - ES
SÃO MATEUS
2017
ELCIELLE BONOMO ROCHA MACHADO
ESTUDO DE CASO DAS RELAÇÕES ENTRE
BRINCADEIRAS E GÊNERO NA EDUCAÇÃO INFANTIL EM SÃO MATEUS - ES
Anteprojeto apresentado à Comissão
de Seleção do Programa de Pós Graduação em Ensino na Educação Básica, como
requisito para inscrição no Exame de Seleção de 2017.
Indicação
do Orientador: Eliane Gonçalves da Costa
SÃO MATEUS
2017
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